A ONU alerta sobre o impacto da inteligência artificial no emprego e nas desigualdades globais.

7 abril, 2025

O uso crescente da inteligência artificial levanta sérios riscos laborais e sociais. A ONU alerta sobre seu potencial para aumentar as desigualdades entre nações.

A inteligência artificial (IA) se tornou uma parte integral de nossas vidas, mas sua rápida evolução também traz riscos que não devem escapar à nossa atenção. Recentemente, a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED) lançou um alerta sobre como essa tecnologia poderia afetar até 40% dos empregos em todo o mundo. À medida que os benefícios econômicos da IA se concentram em um pequeno grupo de nações, as consequências podem ser desastrosas para os países em desenvolvimento e os trabalhadores mais vulneráveis.

Com a projeção de que o mercado de IA poderia alcançar 4,8 trilhões de dólares na próxima década, a CNUCED enfatiza que essa transformação não será equitativa. Em seu último relatório, é destacado que a automação poderia aprofundar as desigualdades sociais e econômicas entre diferentes estados, sendo os países menos avançados os mais prejudicados.

O futuro do emprego na era da inteligência artificial

A revolução trazida pela inteligência artificial não está isenta de impactos negativos no mercado de trabalho. A CNUCED alerta que cerca de 40% dos empregos podem ser suscetíveis à automação, especialmente aqueles trabalhos que envolvem tarefas repetitivas em setores como a indústria e os serviços.

Esse avanço tecnológico parece favorecer o capital em vez do trabalho. Muitas empresas que apostam na IA optam por reduzir seu quadro de funcionários, substituindo trabalhadores por máquinas e algoritmos. O relatório destaca que “a automação impulsionada pela IA tende a favorecer o capital sobre o trabalho, o que pode aumentar as desigualdades”. Isso significa que milhões de pessoas, especialmente aquelas sem habilidades técnicas, podem ser deslocadas de seus empregos.

Apesar desses desafios, a CNUCED também aponta que a IA pode abrir portas para novas oportunidades de trabalho e setores. No entanto, isso só será possível se forem realizados investimentos adequados em formação e desenvolvimento de habilidades.

Sem uma estratégia clara, os países em desenvolvimento, onde o acesso à educação é limitado, correm o risco de serem ainda mais marginalizados.

Desigualdades globais e a concentração de benefícios

Os benefícios da inteligência artificial não estão distribuídos de maneira equitativa entre as nações. A CNUCED observou que o acesso à tecnologia e suas vantagens econômicas estão dominados por um punhado de países e corporações. Atualmente, um notável 40% dos investimentos globais em pesquisa e desenvolvimento se concentram em apenas uma centena de empresas, principalmente nos Estados Unidos e na China.

Os 40% do investimento mundial em P&D estão concentrados em apenas 100 empresas, com os Estados Unidos e a China liderando o panorama tecnológico global.
Os 40% do investimento mundial em P&D estão concentrados em apenas 100 empresas, com os Estados Unidos e a China liderando o panorama tecnológico global.

Enquanto os países avançados em IA se beneficiam de aumentos na produtividade e inovação, aqueles em desenvolvimento lutam para se manter atualizados. Além disso, algumas das principais empresas de tecnologia têm valores de mercado comparáveis ao PIB de continentes inteiros, o que exacerba a desigualdade.

O relatório revela que 118 nações não estão participando de discussões internacionais sobre a regulamentação da IA. Essa exclusão limita seu acesso a recursos essenciais e às normas éticas que orientam a adoção dessa tecnologia. “A IA pode ser um motor de progresso, mas somente se os países participarem ativamente de seu desenvolvimento”, ressalta o relatório.

Diante dessa situação, a CNUCED propõe várias estratégias para mitigar os efeitos negativos, incluindo a criação de infraestruturas compartilhadas e o uso de modelos de código aberto. Essas medidas buscam reduzir os desequilíbrios existentes e facilitar a integração dos países em desenvolvimento nesta nova era tecnológica.

Por fim, faz-se um apelo aos responsáveis pela tomada de decisões para reavaliar as políticas comerciais que afetam os países vulneráveis. A promoção do progresso tecnológico deve andar de mãos dadas com a proteção das populações mais desfavorecidas, garantindo assim um crescimento inclusivo que beneficie a todos.

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