A controvérsia se desata no mundo literário britânico. Um grupo de autores se reuniu em Londres para expressar sua indignação em relação à Meta, a empresa por trás do Facebook, acusando-a de ter utilizado a base de dados LibGen, conhecida por conter milhões de livros piratas, para desenvolver seus modelos de inteligência artificial. Este ato foi qualificado como um roubo de propriedade intelectual, e os escritores exigem justiça enquanto a Meta sustenta que atua dentro da legalidade.
No dia 3 de abril, uma manifestação ocorreu em frente às escritórios da Meta em King’s Cross, onde se reuniram figuras notáveis como as romancistas Kate Mosse e Tracy Chevalier, além do poeta Daljit Nagra, ex-presidente da Royal Society of Literature. Durante a protesto, uma carta foi entregue aos representantes da empresa, que também foi enviada à sede nos Estados Unidos.
Reclamações dos autores sobre o uso de suas obras sem autorização
Os escritores não pouparam palavras para descrever o que consideram um verdadeiro ataque ao seu trabalho. Vanessa Fox O’Loughlin, presidente da Society of Authors, expressou sua indignação: «Isto é ilegal, chocante e devastador para os escritores«. A criação de um livro pode levar anos, e a ideia de que a Meta tenha utilizado suas obras para alimentar sua inteligência artificial gerou um profundo sentimento de injustiça entre os autores, que se sentem duplamente agraviados.
Um grupo de autores renomados, incluindo Ta-Nehisi Coates e Sarah Silverman, apresentou um documento judicial que aponta que os líderes da Meta estavam cientes de que o LibGen continha material roubado. No entanto, a empresa se defende afirmando que «respeitamos os direitos de propriedade intelectual e nossa utilização de informações para treinar modelos de IA é legal«. Este argumento não convenceu os manifestantes, que continuam exigindo uma compensação justa pelo uso de suas obras.
O impacto emocional da violação de direitos autorais nos escritores
A situação vai além de um simples conflito comercial; para muitos autores, trata-se de uma questão de identidade.
AJ West, um romancista presente na protesto, expressou seu horror ao descobrir que seus livros estavam no LibGen: «Me sinto agredido ao ver minhas obras roubadas e utilizadas sem minha permissão«. Este sentimento de violação pessoal é comum entre os criativos que veem seu trabalho exposto e explorado sem retribuição.
Os autores solicitaram a intervenção da secretária de Cultura, Lisa Nandy, pedindo que os líderes da Meta compareçam ao Parlamento. A carta, apoiada por nomes destacados como Richard Osman e Kazuo Ishiguro, foi transformada em uma petição no Change.org que reuniu mais de 19.000 assinaturas.
Anna Ganley, diretora da Society of Authors, resumiu a frustração geral: «Os escritores estão legitimamente indignados. A existência de bibliotecas piratas é um problema, mas quando empresas globais as utilizam para explorar obras protegidas, é um golpe devastador«. A sensação prevalente é que os autores merecem ser reconhecidos e compensados por seu trabalho, em um mundo onde as fronteiras da propriedade intelectual são cada vez mais difusas.
O caso da Meta pode marcar um precedente significativo na luta pelos direitos dos autores na era digital. A pergunta que fica é se a indústria aceitará a responsabilidade por suas ações ou se as consequências deste escândalo se estenderão além das protestos atuais.