Controvérsia no Brasil: ANPD proíbe a Meta de treinar IA com dados pessoais de Facebook e Instagram

31 julho, 2024

A Meta enfrenta uma proibição no Brasil pela ANPD de usar dados pessoais de usuários no treinamento de seus modelos de inteligência artificial. Essa medida segue uma atualização polêmica de sua política de privacidade e levanta questões sobre o equilíbrio entre inovação e proteção de dados. Com multas diárias e obstáculos para os usuários, o debate sobre a privacidade digital se intensifica.

Logotipo de Meta

O Brasil decidiu dar um basta na Meta, e não é para menos. A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) proibiu a Meta de utilizar dados pessoais de usuários brasileiros no Facebook e Instagram para treinar seus modelos de inteligência artificial. O motivo? Os riscos potenciais de danos sérios e a dificuldade para os usuários evitarem que seus dados sejam utilizados.

Tudo isso vem após uma atualização na política de privacidade da Meta em maio, onde a empresa se deu permissão para usar dados públicos de Facebook, Messenger e Instagram no Brasil, incluindo publicações, imagens e descrições, para treinar seus sistemas de IA. Mas será que os usuários realmente têm a possibilidade de optar por não participar? A ANPD diz que não. Segundo eles, a Meta impôs obstáculos “excessivos e injustificados” que complicam muito essa opção.

Esse movimento segue uma tendência similar na União Europeia, onde a Meta também enfrentou resistência e teve que pausar seus planos de usar dados europeus para fins de treinamento de IA. E enquanto a Meta afirma que sua política está em conformidade com as leis de privacidade no Brasil, a ANPD discorda, citando um “risco iminente de danos graves e irreparáveis aos direitos fundamentais” dos usuários brasileiros.

Para adicionar mais lenha na fogueira, um relatório recente da Human Rights Watch revelou que o conjunto de dados LAION-5B, usado para treinar modelos de IA, inclui fotos identificáveis de crianças brasileiras, expondo-as a riscos como deepfakes e outras formas de exploração. Não é alarmante?

A Meta tem cinco dias úteis para acatar a ordem ou enfrentar multas diárias de 50.000 reais (cerca de $8.808). Será este o começo do fim para as práticas de coleta massiva de dados? Ou apenas mais um obstáculo no caminho da Meta?

A controvérsia da política de privacidade: Um retrocesso para a inovação?

A Meta defendeu sua política de privacidade atualizada, argumentando que está em conformidade com as leis brasileiras e que a proibição representa um retrocesso para a inovação e a concorrência no desenvolvimento de inteligência artificial. No entanto, essa postura não foi bem recebida pelas autoridades brasileiras, que consideram que o risco para os direitos fundamentais dos usuários é alto demais.

A atualização da política de privacidade da Meta em maio gerou grande alvoroço. A empresa se deu permissão para usar dados públicos de suas plataformas no Brasil, o que inclui desde publicações até imagens e descrições. Mas a ANPD descobriu que, apesar das promessas da Meta de permitir que os usuários optassem por não participar, na prática, eles encontram “obstáculos excessivos e injustificados” para fazê-lo. É realmente tão fácil sair desse sistema?

Em um comunicado, a Meta sustentou que essa proibição é um passo atrás para a inovação. A empresa argumenta que regulamentações restritivas poderiam atrasar os benefícios da inteligência artificial para os usuários no Brasil. Mas, a que custo? O progresso tecnológico é mais importante do que a proteção de nossos dados pessoais?

Nos Estados Unidos, no entanto, as políticas de coleta de dados da Meta já estão em vigor, beneficiando-se de uma legislação de privacidade menos rigorosa.

O dilema entre inovação tecnológica e proteção de dados pessoais continua crescendo. As grandes empresas de tecnologia conseguirão encontrar um equilíbrio que satisfaça tanto os reguladores quanto os usuários? A resposta a essa pergunta pode definir o futuro da tecnologia e da privacidade na nossa era digital.

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