O Google apresentou um modelo inovador de inteligência artificial, denominado DolphinGemma, que foi desenvolvido em conjunto com o Wild Dolphin Project (WDP) e especialistas do Georgia Tech. Este esforço busca compreender melhor os padrões de comunicação dos golfinhos manchados do Atlântico (Stenella frontalis), uma espécie que fascina cientistas e amantes da natureza há gerações.
Há quase quatro décadas, o WDP tem observado um grupo de golfinhos nas Bahamas, coletando uma vasta base de dados que inclui gravações de áudio e vídeo. Este arquivo contém informações detalhadas sobre os golfinhos individuais, seus sons, comportamentos e as interações sociais que mantêm entre si.
DolphinGemma e a tecnologia móvel no oceano
O enfoque prático do DolphinGemma é realizado diretamente no habitat marinho, utilizando smartphones Google Pixel para gravar e analisar dados na água. Ao mesmo tempo, os pesquisadores implementam um sistema chamado CHAT (Cetacean Hearing Augmentation Telemetry), que associa assobios artificiais projetados especificamente a objetos como algas ou tecidos. A intenção é que os golfinhos aprendam a usar esses sons para se comunicar com os pesquisadores. Graças à tecnologia do Pixel, é possível identificar em tempo real qual tom um golfinho imita e, assim, informar o mergulhador sobre o objeto que está sendo solicitado.
Essa combinação de inteligência artificial, tecnologia móvel e uma extensa pesquisa de campo tem como objetivo identificar as estruturas subjacentes na linguagem dos golfinhos. A longo prazo, espera-se que uma forma de comunicação entre humanos e esses mamíferos marinhos seja estabelecida. O Google planeja lançar o DolphinGemma como um modelo aberto no verão de 2025, permitindo que outras equipes de pesquisa o utilizem para analisar a comunicação de mamíferos marinhos.
DolphinGemma é apenas uma parte da iniciativa mais ampla do Google para aplicar a inteligência artificial na pesquisa da comunicação animal, em particular dos mamíferos marinhos. No âmbito de seu programa “IA para o Bem Social”, o Google se associou à NOAA para desenvolver um sistema de detecção de baleias que analisa dados de áudio coletados por hidrofones em doze locais do Pacífico desde 2005. Recentemente, um modelo de IA do Google identificou um som submarino misterioso como um chamado previamente desconhecido da baleia Bryde, conhecido como “Biotwang”, ao combinar avistamentos visuais com gravações acústicas.
Além disso, o Earth Species Project está trabalhando na criação de representações para a comunicação de diferentes espécies animais, buscando entender formas não verbais de comunicação, como as danças das abelhas. Esse esforço busca abrir novas vias para a compreensão da linguagem animal e sua relação com os humanos.