O ressurgimento das startups de defesa na Europa atrai talentos de alta tecnologia

1 maio, 2025

Com um crescente interesse na defesa europeia, ex-funcionários de gigantes tecnológicos estão voltando para casa para contribuir com a segurança do continente.

As start-ups de defesa na Europa estão experimentando um auge sem precedentes na captação de talento tecnológico. Este fenômeno se deve, em grande parte, a um renovado sentido de patriotismo e ao desejo de trabalhar em tecnologias inovadoras que vão além da mera busca por benefícios econômicos. A guerra na Ucrânia e as tensões geopolíticas levaram muitos profissionais a repensar seu futuro e a redirecionar suas habilidades para a proteção da Europa.

Um claro exemplo dessa tendência é o caso da Comand AI, uma startup parisiense que se especializa em inteligência artificial para aplicações militares. Seu CEO, Loïc Mougeolle, aponta que há uma nova geração de profissionais que busca fazer uma diferença significativa na sociedade. “Eles buscam um impacto real, mais do que um salário elevado”, afirma. A Comand AI conseguiu atrair engenheiros renomados que anteriormente trabalharam na OpenAI e na Palantir, apesar de os salários na Europa serem consideravelmente mais baixos.

Uma nova era na defesa europeia e na inteligência artificial

O setor de defesa europeu está vendo um crescimento notável no número de engenheiros especializados em inteligência artificial. Segundo o relatório Zeki, estima-se que esse número passará de 144 em 2014 para 1.700 em 2024, um aumento impressionante que reflete o crescente interesse nessa área. Os fundos também estão fluindo: em 2024, foram investidos 626 milhões de dólares em start-ups de defesa europeias, um aumento significativo em relação aos 62 milhões de dólares de 2022. Essa mudança foi impulsionada, em parte, pelo conflito na Ucrânia, que destacou a necessidade de maior autonomia em matéria de defesa na Europa.

Julian Dierkes, um jovem doutorando que pesquisa aprendizado por reforço para aplicações defensivas, expressa claramente sua motivação: “Quero que minhas pesquisas contribuam para a proteção das democracias europeias”. Sua perspectiva é compartilhada por outros jovens talentos, como Michael Rowley, que decidiu deixar para trás ofertas em campos mais convencionais para se dedicar ao desenvolvimento de tecnologias que otimizem o monitoramento de movimentos militares.

Talento que retorna à Europa e a atração de novas start-ups

Marie Inuzuka, de 34 anos e com antecedentes familiares relacionados à Segunda Guerra Mundial, é um exemplo notável de como os profissionais estão voltando à Europa. Depois de trabalhar na OpenAI e na Palantir, decidiu se juntar à Comand AI, onde sua paixão pela defesa se alinha perfeitamente com a missão da empresa. Em dezembro, a Comand AI arrecadou 10 milhões de dólares, enquanto outra start-up alemã, Alpine Eagle, também conseguiu 11,4 milhões para suas inovações na neutralização de drones.

Jeannette zu Fürstenberg, uma investidora de risco em Berlim, destaca que muitos dos melhores pesquisadores em inteligência artificial vêm da Europa, e embora alguns tenham se mudado para os Estados Unidos, muitos retornaram para contribuir com a soberania tecnológica do continente. Iniciativas como o European Defense Tech Hub, que conecta fundadores, investidores e responsáveis políticos por meio de hackathons, estão facilitando esse renascimento do interesse pela defesa.

A tradicional relutância dos jovens profissionais em se envolver no setor de defesa está desaparecendo. Stelios Koroneos, fundador de uma start-up grega de defesa, sugere que a nova geração está compreendendo que a liberdade traz responsabilidades. Com planos de rearmamento que podem mobilizar até 800 bilhões de euros por parte da União Europeia, o futuro parece promissor para as start-ups de defesa, que oferecem aos talentos a oportunidade de dar um sentido à sua expertise.

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